Garatujar

Entrevista a Paulo Rangel no jornal i por Ana Sá Lopes

"Aos 12 anos as crianças podem aprender uma profissão"

Afastar a política de "consensos moles" e restaurar o peso do partido no Parlamento
são as metas do candidato à liderança do PSD. [...]

...a questão do abandono escolar. Esta questão é difícil e, em Portugal, é dramática. Eu aí, sinceramente, só vejo uma solução: a introdução de um ensino profissional mais cedo. Que é outro tabu que também não encaixa.

Pergunta: Mais cedo do que o 9º ano?
Mais cedo que o 9º ano.

Pergunta: Aos 10 anos no ensino profissional?
Não aos 10 anos, mas aos 12, 13, 14 as crianças podem estar a aprender uma profissão. O que é que é preferível? É termos uma pessoa com 17 anos no 9º ano ou a fazer o 9º ano pela quarta vez ou uma que até aprendeu umas coisas de uma língua estrangeira, de história, de matemática, de português e que sabe ser um bom electricista aos 16 ou 17 anos? Ou um bom canalizador? O que é que é preferível do ponto de vista social? O que é que vai trazer maior mobilidade social? O que é que é melhor como valor colectivo? Esta é a questão que nós temos que abrir. Nós temos que romper um pouco estes tabus. Além de que vamos ter de aceitar alguma selectividade na escola.
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Na verdade, questiono-me porque nunca nenhum politico teve antes esta ideia fantástica, diria até “luminosa”ou cintilante, de facto parece-me ser uma ideia genial, de mestre.

De uma virada resolve-se diversos males do país. Para começar, iniciamos logo a poupar nas universidades. É que estes putos arrastam-se anos a fio por lá, andando a pastar pelo Campus Universitário sem nada aprenderem, custando uma fortuna ao estado.

Seguidamente, depois da poupança na despesa do ensino, é necessário criar, desenvolver e estimular os mais diversos sectores da nossa definhada e raquítica indústria, pois se vamos formar canalizadores, electricistas, carpinteiros, pedreiros, pintores, sapateiros, amola-tesouras, vendedores de castanhas assadas, engraxadores, limpa-chamines ou soldadores, vamos ter que desenvolver toda uma indústria virada para os novos profissionais com 14 ou 15 anos.

Vejam o potencial industrial que nos espera, é preciso fabricar fardas, botas de biqueira d’aço, capacetes e óculos protectores para cabecitas pequenas, e luvas protectoras para mãozitas minúsculas, alicates, martelos, chaves de fendas, chave-inglesa e de grifos em medidas pequenas, é todo um novo potencial industrial que nos espera, talvez até a Rodhes não tenha que despedir mais gente.

Se tudo isto não chegasse para nos convencer da genialidade da ideia, pensem em milhares de crianças a chegar ao mercado de trabalho mais cedo, a descontar mais cedo para a segurança social, esta será por certo a medida ideal para resolver o problema da sustentabilidade da nossa segurança social, entram mais cedo no mercado trabalho, trabalham durante mais anos, criando assim muito mais receitas à mesma. De génio.

Estou a ironizar, obviamente…
Estas frases lidas, descontextualizadas do seu todo e desconhecendo hipoteticamente o seu autor, teriam um sabor, uma tónica completamente balofa e bolorenta, dignas de terem sido proferidas por um qualquer ministro ou assessor do Presidente do Conselho (Oliveira Salazar) na década de 60 do século passado.

Começo por ter algum receio que este Senhor chegue à presidência do PSD e por via disso mesmo, chegue a primeiro-ministro deste já tão depauperado, atrofiado, exaurido e enfezado país.

País “enfezado” e “atrofiado” em termos políticos, obviamente. Como dizia o cantor para “mal já basta assim”.