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23.5.06

postheadericon Sob o Signo da Verdade

Realizou-se ontem 22 de Maio um acesso e patético debate no programa Prós e Contras da RTP1 onde intervieram Manuel Maria Carrilho, Imídio Rangel, Pacheco Pereira e Ricardo Costa director-adjundo do SIC Noticias a propósito da qualidade do jornalismo que por cá se faz. Grande expectativa a minha, apenas que defraudada… A escolha daquele tema seria o novo livro lançado por Carrilho no dia 10 de Maio de 2006. Sempre esperei que o livro fosse uma bomba, contasse, e denuncia-se a tão apregoada cabala, citasse casos concretos de jornalistas-vendidos, esclarecesse a questão dos lobies da construção e concluísse em grande… Mas não, enganei-me, nada disso… afinal o livro não é mais do que umas colecção de queixas avulsas e desconectadas, não concluindo nem desvendando a face horrível e horrenda do gigantesco polvo que domina, oprime e controla a comunicação social, que maltrata, ofende, persegue e ingere-se na esfera privada dos nossos políticos, quase que estou com pena do senhor Carrilho… “com arma matas com arma morres”, é bíblico, e é correcto, os senhores da nossa praça que mais habitualmente e habilmente usam em seu proveito a comunicação social, são depois os primeiros a gritar ao da guarda quando as coisas não lhe correm de feição, isto é ridículo e é patético. Então não foi o senhor M. M. Carrilho então Ministro da Cultura em dois governos constitucionais (o XIII e XIV) entre Outubro de 1995 e Julho de 2000, não foi o senhor dizia, sempre levado ao colo pela CS, não teve sempre cobertura mediática, que eu me lembre nunca se queixou, até acho que fez um bom ministério, saiu com boa imagem, tinha ai um bom capital politico para por a render, afinal o que aconteceu? Simples, desbaratou-o, esbanjou-o gastou-o… a simpatia e o capital político é como as nossas economias, só existe economia enquanto não é gasta, e só existe capital político enquanto não é desbaratado. A lutas intestinas partidárias é no que dá… A questão do não-aperto-de-mão ao seu opositor (Carmona Rodrigues) no final do debate televisivo na SIC, que criou acesso debate entre Carrilho e Ricardo Costa, o e de ter sido gravado em privado ou não após o debate, o de Carrilho ter conhecimento da filmagem ou não, leva-me a perguntar; Se soube-se que estava a ser filmado teria cumprimentado o seu opositor? Não o cumprimentou por pensar que não estava a ser filmado, e que por conseguinte não passaria cá para fora? Com câmara ou sem câmara não deverá sempre prevalecer a boa educação? Bom, parece que não, passados dias os intervenientes da estoria do apertas ou não apertas, apertaram mesmo…estavam câmaras por perto… Pequeno excerto do prefácio do livro de M M Carrilho: “Que não haja a mais pequena dúvida: quando um acontecimento desta dimensão, presenciado por milhares e milhares de espectadores, com este potencial de escândalo político e de eco mediático, suscita a mesma reacção – numa convergência que assim se revela não só nas alianças de agressão, mas também nos pactos de silêncio – em órgãos da comunicação social como o Público ou o Jornal de Notícias, o Expresso ou o Tal e Qual, o 24 Horas ou o Diário de Notícias, a SIC ou a TVI, a Renascença ou a TSF, bom, isso significa que o polvo entrou em acção: o polvo dos interesses instalados, que há muito se fazia sentir na acção concertada de muito sectarismo jornalístico e de tantos comentadores ventríloquos.” Poderão ler na íntegra o prefácio do livro no site de M M Carrilho ou no site do Clube de Jornalistas: http://www.clubedejornalistas.pt/DesktopDefault.aspx?tabid=683 http://www.manuelmariacarrilho.com/home.html Digo patético o debate porque mais uma vez se perdeu a oportunidade de falarem de um assunto importante – o jornalismo – importante para nós outros, os leitores, eleitores e cidadãos. Não é novidade para ninguém que se faz mau jornalismo em Portugal, jornais e jornalistas do Copy/Paste, jornalismo sem fontes credíveis, noticias sem confirmação, jornais vendidos aos anunciantes, redacções e redactores completamente agrilhoados pelas chefias, estas por sua vez completamente acorrentadas pelas suas direcções. Mas isto será novidade para alguém? O senhor Carrilho que anda na política desde meados dos anos 80 nunca tinha dado por ela? O senhor Imídio Rangel que dominou o mundo da comunicação durante largos anos (na SIC) nunca tinha reparado que os jornalistas são manipulados? Nunca se viu obrigado a mudar um programa, uma reportagem, uma notícia, por causa de um anunciante, ou interesses corporativistas? O que seria do seu Share (o tal de 50%, que permite vender sabão e presidentes) televisivo se não fosse uma PT (e suas satélites), uma Telecel, uma TMN, os anúncios dos bancos, etc.? Já para não falar na concentração imoral dos grandes grupos de comunicação social. Ora esta, estes senhores ou andaram a dormir ou querem fazer de nós parvos… ou são hipócritas… Afinal em tese o livro não demonstra nada que não se conheça já. Quem manda nas câmaras municipais e em ultima analise no país são os lobies, – dinheiro é poder – e este estado de coisas a que nós por cá chamamos democracia, este neo-liberalismo desenfreado, selvagem, egocêntrico e sem qualquer outras preocupações que não seja o lucro pelo lucro, vai-nos levar a falência de muitas instituições que estimávamos e prezávamos. Afinal os senhores políticos estão admirados com isto tudo a troco do quê? Não andam à trinta anos a trabalhar na coisa?

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garatujar

verbo no Infinitivo pessoal

do It. grattugiare, esfarelar com ralo

v. tr. e int.,
cobrir com garatujas;
fazer garatujas;
rabiscar.
Gerúndio - garatujando

"Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que fez tua rosa tão importante." -- Antoine de St. Exupery (in "O princepezinho")

para pensar...

"...sob certas condições, os capitalistas privados inevitavelmente controlam, directa ou indirectamente, as principais fontes de informação (imprensa, rádio, educação). É então extremamente difícil, e na maior parte dos casos na verdade quase impossível, para o cidadão individual chegar a conclusões objectivas".

Albert Einstein, 1949

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«Uma revolução pode mudar as instituições, mas em nada alterou o carácter dos homens. Eles continuarão a ser o que eram: perversos e imbecis.»

Carlos da Maia, um dos oficiais da Armada no 5 de Outubro, em carta ao político republicano João Chagas, Junho de 1911
" Estamos perdidos há muito tempo... O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada. Os caracteres corrompidos (...) Ninguém crê na honestidade dos homens políticos."
EÇA DE QUEIROZ

Não quero garatujar mais a cidade. A cidade já é diferente com tanto verde-azeitona e tanta varanda caída. Tantas vedações e instruções, tantas palavras de ordem que os cartazes políticos nos recomendam. Nada disso. Nem mais uma ordem, nem mais um só homem a mandar na minha vida.

Todos se van (Diários de Havana), Wendy Guerra 2006



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