Garatujar

…de falar num assunto importante aos portugueses.

Não é que este assunto não seja importante para a Republica, a relação da Republica com as regiões autónomas é importantíssimo, o novo Estatuto Político-administrativo dos Açores será porventura importante.

O que é estranho na comunicação do PR é que me parecia este ser um assunto pacífico.

Quer dizer o PR vetou, o novo estatuto foi ao Tribunal Constitucional, o mesmo declarou que existem 8 normas inconstitucionais, e tanto quanto vi e li, todas as bancadas parlamentares se pronunciaram no sentido de rectificar o diploma de forma rápida e satisfatória.

Pacifico, assim entendi eu e possivelmente a grande maioria dos portugueses.

Agora surge uma comunicação aos portugueses, sobre o assunto, do qual já ninguém pensava, no dia 31 de Julho, ultimo dia antes das ferias de Agosto.

Surreal … sobretudo de quem vem e sobretudo a razão pela qual a comunicação foi feita.

Depois de tanta expectativa após o anúncio por um jornal, da comunicação do PR ao país, todos pensamos que o Presidente da República iria falar-nos de um assunto importante, e que o inquietasse.

Ficamos afinal a saber e pasmados que a maior preocupação do PR é a perca de alguns poderes presidenciais.

Ficamos conhecedores que o PR está preocupadíssimo com o facto de que, para dissolver a Assembleia regional teria por força dos novos estatutos, ter que falar com uma série de outras entidades.

Problema grave, sem dúvida, seria um grande contratempo para o seu mandato.

Esperava eu (e talvez a grande maioria dos tugas) que o assunto fosse um ou vários dos muitos problemas que afectam e afligem diariamente a sociedade portuguesa, talvez a crise do preço do petróleo, ou a pseudo-taxa Robim dos Bosques aplicada a gananciosa Galp, talvez o crescente desemprego já instalado nos 8%, a maior taxa dos últimos 20 ou 30 anos, talvez a violência e os novos métodos de roubo, quer com carros quer nas casas, e o pouco ou nenhum investimento nas policias (excepto na ASAE, evidentemente), talvez a falência do nosso comercio tradicional face aos grandes espaços ou o encerramento diário de dezenas de empresas e industrias com o desemprego que isso provoca, ou talvez os recentes episódios de ódios e escaramuças (e tiros) entre etnias, como a que se passou em Loures, ou talvez a insatisfação manifestada de diversos grupo socioprofissionais, tais como motoristas, pescadores, agricultores ou professores, ou talvez ainda a crise na banca, protagonizada por 2 dos maiores banco portugueses, que numa “guerra intestina” de OPA e contra OPA, em escassos meses perderam mais de 50% da sua capitalização em bolsa e já agora os seus investidores e accionistas, ou ainda quem sabe o PR estivesse preocupado com as obras publicas portuguesas e a intenção megalómana da construção do TGV (ou coisa parecida, mas mais lenta) e o novo aeroporto.

Ficaram os portugueses assim a saber que a crise social e nacional ficou relegada para o PR para um segundo ou terceiro plano, isto se o Senhor PR considerar que o país está em crise, ficaram os portugueses assim a saber que o assunto urgente e grave em Portugal que exige uma intervenção de imediato é o facto de o PR poder perder parte da sua autoridade e poderes face a região autónoma doa Açores.